A cantora e compositora Zilda Gonçalves nasceu no Rio de janeiro, em 18 de março de 1919. Este ano completaria 100 anos. Autora de sambas e marchas, fez sucesso nas décadas de 40, 50 e 60, tendo sido campeã de muitos concursos de músicas de carnaval. Zilda foi também uma figura importante para o Direito Autoral. Fez parte do Conselho deliberativo SBACEM, estava sempre presente às reuniões e participava ativamente do dia-a-dia da instituição.
A carreira artística de Zilda teve início em 1940, quando formou com o marido José Gonçalves a Dupla da Harmonia. A estreia foi na antiga Rádio Transmissora. Passaram também pelas emissoras Tupi, Tamoio e Mayrink Veiga. Na rádio Cruzeiro do Sul, atuaram no programa “Recital de Paulo Roberto”. Entusiasmado com o talento dos dois, o animador e produtor do programa batizou a dupla de “Zé e Zilda”, nome com qual entraram para a história da MPB. Juntos foram responsáveis por muitos sucessos de carnaval como os sambas e marchas: “Pra dar conforto a ela”, “Aos pés da Santa Cruz”, “Mentirosa”, “Império do samba” e “Ressaca”, entre outros.
Uma das composições mais conhecidas de Zé e Zilda é a marcha “Saca-rolha”, lançada em 1954 e cantada até hoje no carnaval. A ideia surgiu depois do êxito da marcha “Parafuso”, feita em parceira com Adelino Moreira. Para eles, o próximo sucesso deveria ter um nome parecido. Certo dia, quando Zé e Zilda voltavam de uma apresentação em Niterói, Zé teve a inspiração para o nome da marcha que estavam compondo para o carnaval de 1954. Em uma entrevista a Revista do Rádio eles contaram que foi a própria barca em que viajavam que ajudou a encontrar o título. Zé notou que ela subia e depois descia, ritmicamente, “furando” as ondas. “Furar, furar, furar… Aí estava a chave. Parafuso era de furar, saca-rolha também”. A letra que haviam começado a compor dizia: “As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar…” Quem abre garrafa é saca-rolha.
José Gonçalves faleceu repentinamente em outubro de 1954. Zilda Gonçalves passou a se apresentar sozinha e adotou o pseudônimo de Zilda do Zé. Nesta nova fase, lançou em disco algumas composições que José Gonçalves havia deixado. Em homenagem ao marido, escreveu em parceria com Ricardo Galeno, o samba-canção “Meu Zé”. Em 1956, foi uma das campeãs do carnaval com o samba “Vai, que depois eu vou”, no qual lamentava a morte do marido.
Zilda continuou compondo para o carnaval durante muitos anos. Participava sempre de encontros com compositores e sempre manteve viva a memória de José Gonçalves. Faleceu em janeiro de 2002, deixando uma obra de mais de 70 composições.